A Divina Comédia
- Seu Kirai
- 20 de abr. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 27 de jan. de 2021

Aproveitando a Páscoa que está chegando, acho propício fazer algumas observações sobre uma junção perigosa: O sagrado e o profano. Se você gosta de comédia e se liga no que está acontecendo por aí, já pôde perceber que alguns comediantes adoram utilizar-se de piadas, textos e esquetes envolvendo a figura de Jesus Cristo, Deus, Maomé (este não dá muito certo), Moisés ou outros para fazer comédia. Mas por quê?
Primeiramente, ridicularizar ou parodiar o sagrado não é coisa muito nova. A partir do momento em que alguma instituição, milenar ou não, impôs ideias sobre como as pessoas devem agir ou pensar lá estavam os que faziam críticas. Entre estes críticos, claro, sempre aparecem os que usam o artificio da comédia para alcançar o objetivo de ''acusar'' pontos de discordância de como as coisas devem ser. Obviamente, Jesus por exemplo, tem pouca responsabilidade pelo o que fazem aqueles que se dizem representantes de sua vontade, mas mesmo assim entra na ''ciranda'' e se torna ''vítima'' de textos de comédia. Por quê? Ele rende. E estou falando de valores monetários antes de tudo, pois não tem uma vivalma no ocidente inteiro que não reconheça Cristo como uma figura digna de respeito e ao ridicularizá-lo, o comediante que o faz além da exposição, do dinheiro e de tudo mais, ganha status de contraventor corajoso diante da opinião pública convergente com as críticas apresentadas.
Comédia é uma forma de crítica antes de tudo. Todos aqueles que se desvencilham das próprias piadas separando o ser do pensar simplesmente estão sendo desonestos com seus ouvintes ou são máquinas e não sabemos, pois o comediante sentou, pensou e achou engraçado aquilo que escreveu primeiro que todos. Todas os gracejos relacionados a religião estão de acordo com uma linha de raciocínio onde estas figuras significam muito pouco e as regras que elas representam vão de encontro as convicções particulares, pois lhes garanto nunca ter havido classe artística mais pretensiosa, pedante e cheia de ego que o comediante brasileiro. Mas, para gostar de alguém ou algo você não precisa apagar os erros, supervalorizar as virtudes e adorar incondicionalmente. Só precisa compreender como as pessoas são e aceitar. 1 Seu Kirai 13: 4-7
O ponto aqui é: Para fazer uma piada com algo sagrado ela deve estar a altura daquilo que ela critica. O que significa que um especial de Natal copiado de Se Beber Não Case com a porra do Gregório Duvivier, o ator de um personagem só, não cumpre. Compreende? Eu não vou entrar nos méritos e deméritos do Porta, tem boas esquetes, tem até boas esquetes com a temática religiosa, mas tendem a criticar o sagrado porque é a temática que mais dá ibope e ponto final (sempre que a moral está baixa aparece um Jesus esquisito em um texto com mais graça que Maria, não pera...) e isto é tão abominável para mim como um católico comer carne de gente na Sexta-feira Santa.
Para finalizar, vou contar um segredo que nenhum artista jamais irá. São os atos de censura que fazem a arte melhorar. Está com raiva e achando que sou um filisteu (hoje em dia é fascista que eles chamam) não é? Não. A censura, a proibição e o erro que levam artistas a se esmerarem para pensar, produzir e executar o melhor do seu trabalho driblando a repreensão e invocando uma qualidade intelectual na obra nunca conseguida se toda liberdade do mundo ao falar/fazer lhes fosse garantida. Artistas não tem vergonha na cara e são protótipos de vagabundos, se lhes deixarem fazer o que quiserem é isto mesmo que eles farão (olhe para toda a arte livre e observe) e jamais farão o inesperado. Sendo assim, um brinde a Brian e aos noruegueses.
Saúde, uma boa Páscoa a todos e Porchat, você é chato e ruim demais desde ''Jô escrevi um texto sobre Os Normais''.
PS: A Divina Comédia de Dante não tem nada haver com comédia. Sacou a sutileza do pai mano? Hehe, sim sou bom neste nível mesmo sendo analfabeto funcional. Tchau.
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